sexta-feira, 27 de abril de 2012

Quadro comparativo entre argumentos dos tipos Dedutivo e Indutivo

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QUADRO COMPARATIVO ENTRE ARGUMENTOS DO TIPO DEDUTIVO E INDUTIVO
DEDUÇÃO
INDUÇÃO

Argumentos válidos em função da forma
Argumentos fortes em função de probabilidade (a força não depende totalmente da forma)
Critério de Validade Dedutiva
Critério de Força Indutiva
Se válido, é impossível premissas verdadeiras
e conclusão falsa
A verdade da conclusão é +/- provável depende da informação dada nas premissas
Premissas não podem ser invertidas com a conclusão sem alterar a validade do arg.
Premissas podem ser invertidas com a conclusão sem que se altere a validade
Premissas são sempre categóricas
As premissas não são categóricas  (apresentam % ou são enumerações – de indivíduos, fatos ou propriedades)
Se é válido, a conclusão se segue 100% (sempre e necessariamente)
A validade, em níveis, nunca se dará com 100% de certeza – provável
Validade = conclusão é consequência lógica das premissas
(como consequência lógica não admite graus, ou um argumento é dedutivamente válido ou não o é)
A força de um argumento indutivo admite graus, pois as premissas podem oferecer mais ou menos suporte para a conclusão
Conclusão é desdobramento dos conceitos dados nas premissas (não ampliativos)
Conclusão sempre avançará mais informação que as premissas (ampliativos)
É dedutivo se, e somente se,
ele é válido
É indutivo somente se sobre ele
incide probabilidade “suficiente”
Comporta somente um tipo de
construção de argumentação
Comporta outros tipos: por analogia,
por autoridade, usando estatísticas, etc.
São monotônicos
(permanecem válidos caso novas premissas sejam acrescentadas)
São abertos, ou não-monotônicos
(a conclusão obtida pode ser alterada
em virtude de novos dados ou fortalecida/enfraquecida se inseridas novas premissas)

Parte do geral para o particular*
Parte do particular ou para
uma conclusão particular ou
uma conclusão mais geral*

REGRA PARA VALIDADE DEDUTIVA:


Um argumento é VÁLIDO se, e somente se,  
toda circunstância que torna suas
premissas verdadeiras,  
também torna verdadeira a sua conclusão.

Isto é:
(Um argumento VÁLIDO é aquele em que é impossível conceber uma circunstânciaem que todas premissas são verdadeiras e a conclusão falsa)

(As regras para avaliação da força indutiva se dá em cada um dos tipos de argumentos indutivos, vejamos)

Generalizações:
conclusão mais geral que as premissas;
os resultados partem de dados de amostras e a elas se atendo;

Critérios:
(1) a amostra deve ser representativa;
(2) deve ser suficientemente grande;
(3) deve ser bem estudada;

Falácias relacionadas:
- Falácias da Explicação (Downes, p. 20-24)
- Generalização apressada (idem, p. 10)
- Amostra não representativa (idem, p. 10)
- Omissão de dados (idem, p. 11)

REGRA um argumento. DEDUTIVO CORRETO: 

Um argumento CORRETO é um argumento válido que tem premissas 
Verdadeiras


Previsões:
parte de generalizações;
conclusão e premissas particulares;
são indutivamente mais fracas que a generalização;

Falácia relacionada:
- Indução preguiçosa (idem, p. 11)

Como PROVA, pergunte: 

           (1)    É impossível as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa? 
è Se sim, é VÁLIDO.
(2)    Todas as premissas são verdadeiras? 
è Se sim, é CORRETO.

Argumentos Estatísticos:
validade indutiva da conclusão estabelecida matematicamente, sobre estatística;
não apela ao Princípio da Uniformidade da Natureza;

Falácia relacionada:
- Omissão de dados (idem, p. 11);
- Amostra limitada (idem, p. 10).
CONTRA-ARGUMENTAÇÃO:
(A)
(I) Argumento inválido:
mostre que é possível premissas serem
verdadeiras e a conclusão falsa;

(II) Argumento válido:
rejeitar uma das premissas.


Argumentos Humeanos:
Adere ao Princ. da Uniform. da Nat., ainda que possa aparecer nas premissas dados estatísticos ou porcentuais.

Falácias relacionadas:
- Falácias causais (idem, p. 13).


CONTRA-ARGUMENTAÇÃO:
 (B)
(IV) Se seu argumento for válido
mas incorreto:
troque a conclusão por uma que seja consequência lógica das premissas;

(v) Se seu argumento for inválido e com conclusão verdadeira:
→ troque tudo! Forma lógica, premissas verdadeiras e conclusão, se for o caso.

Argumento por Analogia:
Forma:
x tem as propriedades F1, F2, F3, F4
y, tal como x, tem as propriedades F1, F2, F3, F4
y tem ainda a propriedade G
Logo, x tem também a propriedade G.
Critérios:
(1)    As semelhanças são relevantes para a conclusão?
(2)    Apesar de existirem semelhanças,
existem diferenças comprometedoras?

Falácias relacionadas:
- Falsa analogia (idem, p. 10);
- Falácias Indutivas (idem, p. 9).




Casos de falsas argumentações (falácias)
com estruturas formais e que eralmente
correspondem à dedução são as
Falácias com Regras Gerais (Cf. idem, p. 12).
Argumento de Autoridade:
Forma:
X afirma que P
Logo, P.
Critérios:
(1)    A autoridade invocada é reconhecida como tal por seus pares?
(2)    Há divergências entre os especialistas sobre o assunto?

Falácias relacionadas:
- Apelo à autoridade (idem, p. 8);
- Autoridade anônima (idem, p. 8);
- Estilo sem substância (idem, p. 9).
Como não há muitos exemplares de tais argumentos na vida ou na ciência, ocupam um lugar de “ideal de certeza” a alcançar;
É um programa mais desenvolvido na lógica;
É de certeza mais definida e fácil de precisar.
Contam com menor número de estudos, dado seu caráter problemático;
Estudo menos sofisticado do que a dedutiva;
É mais difícil precisar a % exatamente.

BIBLIOGRAFIA:
COPI, Irving. Introdução à Lógica. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1974.
MARGUITTI, Paulo R. Introdução à lógica simbólica. Belo Horizonte: Ed.UFMG, 2001.
Mortari, César A. Introdução à Lógica. São Paulo: Editora Unesp, 2001.
(Apostila de lógica FIL200).

                                                                                                                  Wesley Leonel, OP, abril 2012.

Link para ATIVIDADE REVISÃO para prova de lógica

http://www.sendspace.com/file/zqg217


http://www.4shared.com/office/GQLTAXnc/Atividade_para_prova_de_lgica.html

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A tese céptica de Hume acerca da indução

Elliott Sober
Universidade de Wisconsin (créditos de criticanarede.com)
A todo o momento formas expectativas acerca de como será o futuro ou sobre que generalizações (afirmações com a forma "Todos os As são B") são verdadeiras com base em dados que não são dedutivamente conclusivos. As tuas crenças acerca do futuro baseiam-se na percepção e na memória, mas não podes deduzir como será o futuro de premissas que descrevem o presente e o passado.
Concentremo-nos num exemplo para tornar claro o que acabou de ser dito. Supõe que observaste muitas esmeraldas e descobriste que cada uma delas era verde. De seguida prevês que "A próxima esmeralda que eu observar será verde"; ou talvez generalizes e digas "Todas as esmeraldas são verdes." (Para que este seja um exemplo do género que queremos, supõe que as esmeraldas não são verdes por definição.)
O senso comum diz que és racional se, ao acreditares em previsões e generalizações, tens muitos dados para o fazer. Observar muitas esmeraldas e descobrir que cada uma é verde parece justificar a tua expectativa de que a próxima esmeralda que examinares será verde. Mas não podes deduzir generalizações e previsões das tuas observações do passado. Além disso, repara que os dois argumentos seguintes são sensatamente não dedutivos:
(GEN)
Observei numerosas esmeraldas e cada uma delas é verde.
Logo, todas as esmeraldas são verdes.

(PRE)
Observei numerosas esmeraldas e cada uma delas é verde.
Logo, a próxima esmeralda que eu observar será verde.
A dupla linha entre as premissas e a conclusão indica que os argumentos não são dedutivamente válidos.
Em ambos os argumentos pensas que as premissas justificam racionalmente a conclusão. Defendes não ser mero preconceito afirmar que em cada caso as premissas fornecem bons dados a favor da verdade da conclusão. A tese de Hume é que a tua convicção não pode ser racionalmente defendida.
O que é importante perceberes é que Hume não está simplesmente a dizer que os argumentos não são dedutivamente válidos. Isso é óbvio. O que ele diz realmente é que as premissas não justificam racionalmente as conclusões. Para Hume não há qualquer maneira de justificar racionalmente previsões e generalizações.
Na perspectiva de Hume tens simplesmente o hábito de achar que aquelas premissas fornecem boas razões para acreditar naquelas conclusões. É um hábito que não podes abandonar; faz parte da natureza humana esperar que o futuro se assemelhe ao passado. Mas é um hábito que não podes defender racionalmente. Se um céptico te desafiar para justificares racionalmente o padrão de pensamento em questão, apenas podes dizer que essa é de facto a maneira de proceder dos seres humanos. Não tens como produzir um bom argumento para justificar racionalmente este hábito mental.

A indução não pode ser racionalmente defendida

O argumento de Hume

Como chegou Hume a esta conclusão surpreendente acerca da indução? Hume pensava que os argumentos enunciados (GEN e PRE) requerem uma premissa adicional. Tal como se encontram, a premissa não suporta a conclusão. Ora, se a observação tem a intenção de sustentar a generalização ou a previsão, então terás de pressupor que o futuro se assemelha ao passado. A este pressuposto Hume chamou Princípio da Uniformidade da Natureza (PUN).
Hume pensava que este princípio desempenha um papel indispensável em todo e qualquer argumento indutivo. Já viste o exemplo a respeito da cor das esmeraldas. Considera agora a crença de que o sol nascerá amanhã. Esta crença previsiva baseia-se na premissa de que o sol nasceu em cada um dos dias em que, com enfado, te deste ao trabalho de fazer uma observação. Por que razão estas observações do passado sustentam a previsão que fizeste acerca de amanhã? Hume pensava que tens de supôr que a natureza é uniforme — o futuro será semelhante ao passado. Hume diz que sem este princípio o passado não pode ser um guia para o futuro.
Assim, todo e qualquer argumento indutivo pressupõe PUN: terás de pressupor PUN para que a premissa observacional possa sustentar a previsão ou generalização afirmada na conclusão do argumento. Isto significa que, se a conclusão a que chegas é racionalmente defensável, então deverás ter disponível um bom argumento para pensar que PUN é verdadeiro. Se PUN não puder ser defendido, então qualquer crença que dependa de pressupor que PUN é verdadeiro, terá também que ser indefensável.
É este o enunciado do argumento céptico de Hume:
  1. Todo o argumento indutivo requer PUN como premissa.
  2. Se a conclusão de um argumento indutivo é racionalmente justificada pelas premissas, então estas premissas têm de ser também racionalmente justificáveis.
  3. Assim, se a conclusão de um argumento indutivo é justificada, terá que haver uma justificação racional de PUN.
  4. Se PUN é racionalmente justificável, então terá que haver um bom argumento indutivo ou um bom argumento dedutivo a favor de PUN.
  5. Não há um bom argumento indutivo para PUN, uma vez que qualquer argumento indutivo a favor de PUN é circular.
  6. Não há um bom argumento dedutivo a favor de PUN, uma vez que PUN não é uma verdade a priori nem segue dedutivamente das observações que até hoje fizeste.
  7. Assim, PUN não é racionalmente justificável.
Logo, não há justificação racional para as crenças que tens com a forma de previsões ou generalizações.
Resumindo, o que Hume diz é que as crenças que tens acerca da cor das esmeraldas e do nascer do sol amanhã (e muitas outras crenças) não são racionalmente justificáveis porque repousam num pressuposto que não pode ser racionalmente justificado.

Por que razão PUN não pode ser justificado?

Examina melhor os passos 4-6 do argumento. Vê bem o que PUN afirma; PUN diz que o futuro será semelhante ao passado — as uniformidades do passado continuarão a subsistir no futuro. Será que podes saber que isto é verdadeiro com base na indução? Se puderes, o argumento indutivo parecer-se-á com este:
A natureza tem sido uniforme nas minhas observações do passado.
Logo, a natureza em geral é uniforme.
Lembra-te que para Hume todos os argumentos indutivos requerem PUN como premissa. O argumento enunciado é indutivo. Mas se introduzires PUN como premissa, como Hume requer, o argumento torna-se circular — pressupõe como premissa precisamente a proposição que tenta sustentar como conclusão.
E resultará uma justificação dedutiva de PUN? Também aqui a resposta de Hume é não. O argumento enunciado não é dedutivamente válido; o princípio geral da uniformidade não pode ser deduzido das observações que fizeste no passado.
Hume considera, e rejeita, um outro tipo de argumento dedutivo. Pode ser PUN uma verdade conceptual dedutível das definições dos seus termos? Se PUN fosse uma verdade conceptual teria a mesma espécie de justificação a priori que "Nenhum solteiro é casado" possui. Hume rejeita esta ideia dizendo que não há contradição em supor que o universo deixe subitamente de ser uniforme. Não é uma verdade conceptual afirmar que as regularidades do passado subsistirão no futuro.

Elliott Sober
Tradução de Faustino Vaz
Retirado do livro Core Questions in Philosophy, de Elliott Sober (Prentice Hall, 2008)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Indução e o Princípio da Informação Total*

O argumento indutivo consiste em inferir das propriedades de uma amostra para as propriedades de um elemento (não pertencente à amostra) ou para as propriedades da população como um todo. Todo o raciocínio indutivo depende da semelhança entre a amostra e a população. Como se sabe, num argumento indutivo, a conclusão sempre avança mais informação do que aquelas dadas na premissa. Por isso, quanto maior for a semelhança entre a amostra e a população como um todo, maior fiabilidade  terá  a  inferência  indutiva.  Por outro lado, se a amostra tiver diferenças relevantes face à população, então a inferência indutiva não será fiável. 
A exigência de que toda a informação relevante e disponível seja incluída num argumento indutivo, é chamada "princípio da informação total". Por isso é que dados importantes, que arruinariam ou fortaleceriam um argumento indutivo, não podem ser excluídos (a exclusão das informações resulta em falácias indutivas). A informação da conclusão será fiável se a informação nela contida é suficientemente sustentada pelo conteúdo informativo das premissas, que devem fornecer todo conteúdo informativo necessário para uma inferência válida.

Exemplos:
(1)    Uma pesquisa de intenção eleitoral feita com os moradores da Barra apontou que
      75% dos moradores demonstrou intenção de votos para o pré-candidato X.
      Portanto, o candidato X vencerá as eleições municipais em Ouro Preto.

(2)    Uma pesquisa de intenção eleitoral realizada pela agência TZ entre janeiro e abril de 2012, 
            feita em diversos bairros e distritos de Ouro Preto, 
            aponta que 75% dos eleitores consultados demonstraram intenção de votos para o candidato X.
      Portanto, o candidato X provavelmente vencerá as eleições municipais em Ouro Preto.

Mesmo que as premissas de um raciocínio indutivo sejam verdadeiras, a conclusão pode ser falsa. Apesar disso, uma boa inferência indutiva nos dá uma boa razão para crer que a conclusão é verdadeira. E isso ocorre quando há informação suficiente para crer num argumento como indutivamente forte!                     (Ver também: força indutiva; validade dedutiva).

* O princípio da informação total vale também para argumentos dedutivos onde, se a conclusão deve decorrer necessariamente das premissas, aquela nunca deve avançar nem mais nem menos informações do que as premissas avançam. O caso do indução é que o conteúdo informativo da conclusão não deve estar em desencontro com o das premissas, que devem assegurar-nos que o argumento é indutivamente forte.